O benfica terá recusado bilhetes a um vereador da Câmara de Paris já que o ato de oferecer os bilhetes não teria retorno para o clube.
Os encarnados acediam a todos os pedidos de bilhetes que lhe eram feitos por políticos? Nem todos. Um deputado do Parlamento francês e um vereador da Câmara de Paris perderam a oportunidade de ir para a tribuna presidencial do Estádio da Luz porque o dito vereador já tinha tido esse privilégio e daí não resultara nenhum ganho para o Benfica
Uma assessora de um vereador da Câmara Municipal de Lisboa pediu ao diretor de segurança do Benfica dois bilhetes para a tribuna presidencial para o clássico Benfica-FC Porto, realizado a 16 de abril de 2014. Eram para um “deputado” do Parlamento francês e para “um vereador da Câmara de Paris com o pelouro dos assuntos europeus”, que estariam em Lisboa nessa data, e teriam interesse em assistir ao jogo. A assessora do vereador Carlos Manuel Castro acrescentou ainda que “além de adeptos”, os dois homens estariam ligados “à casa do Benfica em Paris” e teriam interesse em visitar o museu do Benfica.
O email transitou por Ana Paula Godinho, responsável pelo protocolo do SLB, e por Domingos Soares de Oliveira, administrador executivo da SAD do Benfica, até que, quatro dias depois do pedido, o próprio diretor de segurança do clube da luz, Rui Pereira, informou os outros intervenientes que o pedido para visita ao museu não seria atendido e que os bilhetes para a tribuna presidencial também seriam recusados. Tudo porque já não seria a primeira vez que os encarnados ofereceriam bilhetes ao dito vereador da Câmara Municipal de Paris [Hermano Sanches Ruivo] sem obterem “qualquer retorno”. Poderiam ceder bilhetes sim, mas não para os melhores lugares.
“Em conversa com o Jorge Jacinto [director do departamento de Casas do Benfica], parece que este “vereador” já teve algumas benesses de Tribuna Presidencial por parte das Casas e que não está a haver qualquer retorno para o Dpto e para o SLB. O Jorge concorda que possam ser concedidos dois convites para o Piso 1 Meo, mas não para o Presidencial ou Executive Seats. Quanto ao Museu, não acha que devamos atender”, diz o email reencaminhado pelo diretor de segurança dos encarnados a 12 de abril de 2014, e que consta do leque de emails divulgados este domingo pelo blogue “Mercado de Benfica” – que tem divulgado nos últimos meses não só os emails de alguns dirigentes e funcionários do clube da luz, como também da própria investigação ao caso E-Toupeira (o caso em que funcionários judiciais acederam ilegalmente a processos do interesse do Benfica, alegadamente em troca de bilhetes para jogos e outras benesses).
Para cumprir o protocolo, foi a funcionária Ana Paula Godinho quem teve de dar a má notícia à assessora da Câmara Municipal de Lisboa que intercedia pelo deputado e vereador de Paris: “Infelizmente não será possível considerar o pedido de convites feito”. Ainda assim a assessora Cristina Cardoso não desistiu e perguntou se, não sendo possível os dois convites para a Tribuna Presidencial, não seria possível “concederem na mesma dois bilhetes, a terem assento num espaço contíguo à tribuna, de forma a poderem assistir ao jogo.”
Um dia depois, a assessora reencaminhou este email para Rui Pereira (diretor da Direção de Prevenção, Segurança e Organização dos jogos), reclamando que na sequência das conversas que haviam tido, “inclusive com o vereador”, tinha recebido a recusa da atribuição de dois bilhetes. Sem saber que tinha sido Rui Pereira a recusar, a assessora pede-lhe ajuda, frisando: “Sei que não depende de si.”Ana Paula Godinho acabará por ser então levada a ceder dois bilhetes a Hermano Sanches Ruivo e a Pascal Cherki, deputado à Assembleia Nacional de França, mas para a zona Meo Piso 1.
Fonte: Visão